quarta-feira, setembro 20, 2006

Era uma vez...DIMAS

Metade urso, metade toupeira.
Uma vida debaixo da terra.
Tinha uma irmã.
Nasceram bastos, bastos demais.
De mãos dadas, quase.
Doidos um pelo outro.
A mãe morreu, o pai também.
Sózinhos no mundo, adoraram-se.
Dois irmãos,
herdeiros, apenas de uma mina.
Água doce que brotava de uma frincha,
Ensopando a terra abençoada à sua volta,
mesmo no Setembro
do mais seco dos verões.
Uma espécie de paraíso
onde os dois,
inseparáveis na sua dor e na sua felicidade
lavravam o solo negro,
plantavam couves e batatas,
feijão e milho
morangos e rosas,
que trepavam em volta da gruta.
Ele trazia-lhe morangos à cama,
pequenos frutos vermelhos e doces.
Via-a a comer,
um sorriso hesitante a torcer-lhe os lábios,
ansioso, expectante, à espera
do momento em que ela fechasse os olhos
perdida no prazer de um momento divino.


Graeme Pulleyn (actor e encenador do espectáculo DIMAS em cena no Pequeno Auditório do CCB, de 20 a 25 de Setembro)

1 comentário:

Mónica Lice disse...

Que Dimas tão divertido!:)

Beijinhos e continuação de um bom dia!:)